Sativa Ou Indica? História Das Classificações Da Cannabis

Cannabis Sativa L. é uma das primeiras espécies de cannabis a serem classificadas, nomeada em 1753 pelo renomado botânico Carl Linnaeus. O “L.” em Cannabis Sativa L. é uma homenagem a Linnaeus, que descreveu a planta baseando-se nas variedades europeias de cânhamo, usadas principalmente para fibras. O termo “sativa” vem do latim e significa “semeada”, referindo-se às plantas cultivadas para uso agrícola.

Trinta anos depois, em 1785, Jean-Baptiste Lamarck, um naturalista francês, identificou uma segunda espécie, a Cannabis indica, observando que era nativa da Índia e possuía características diferentes das variedades europeias. Lamarck notou que as plantas de Cannabis indica eram mais baixas, robustas e apresentavam folhas mais largas, além de serem conhecidas por seus efeitos psicoativos mais intensos.

A Cannabis ruderalis foi descrita pela primeira vez por um botânico russo chamado D.E. Janischewsky em 1924. Ele notou diferenças entre a Cannabis ruderalis e as outras subespécies de cannabis, como Cannabis sativa e Cannabis indica, especialmente em sua capacidade de florir automaticamente com base na idade da planta, em vez de depender de mudanças no fotoperíodo (duração do dia e da noite), como ocorre com as outras variedades. A Cannabis ruderalis é uma subespécie mais resistente, adaptada a climas mais frios e com menor teor de THC em comparação com as outras.

Essas três subespécies diferem em termos de aparência, ciclo de crescimento e conteúdo de canabinoides, mas todas pertencem à mesma espécie, Cannabis sativa. É interessante notar que, embora o cânhamo e a cannabis psicoativa tenham diferentes usos e concentrações de THC, ambos pertencem à mesma espécie e compartilham uma origem botânica comum.

Cannabis e Cânhamo: Uma Planta, Muitos Usos

Historicamente, o termo “cânhamo” foi usado para se referir à Cannabis cultivada para fins industriais, como a produção de fibras, óleo de semente e outros materiais. Enquanto isso, as variedades mais potentes, com altos níveis de THC, eram cultivadas principalmente para fins medicinais e recreativos.

A Interpretação Moderna

Nos tempos modernos, as classificações de Cannabis sativa e Cannabis indica foram simplificadas para fins de marketing, associando a sativa a efeitos energizantes e a indica a efeitos relaxantes. Esta interpretação, amplamente difundida, não é precisa. Na realidade, os efeitos de uma planta de cannabis dependem de uma combinação complexa de canabinoides (como THC e CBD) e terpenos, e não apenas de sua classificação botânica. No entanto, a ciência moderna mostra que as distinções entre sativa e indica são muito mais sutis e que a experiência do usuário pode variar amplamente dentro dessas categorias. 

Curiosidades Sobre a Família Cannabaceae

A cannabis pertence à família Cannabaceae, uma família de plantas floríferas que inclui outras espécies interessantes como o lúpulo, amplamente utilizado na fabricação de cerveja. Parentes mais distantes da cannabis incluem plantas como figos, amoras e urtigas. Essas plantas geralmente são dióicas, o que significa que produzem plantas masculinas e femininas distintas, e são polinizadas pelo vento.

Conclusão

A classificação da cannabis, desde as primeiras observações de Linnaeus até as contribuições de Lamarck, nos fornece uma visão fascinante da diversidade e da versatilidade dessa planta. Seja para produção de fibras, uso medicinal ou recreativo, a cannabis tem sido uma parte integrante da cultura humana há séculos. Compreender sua história botânica e evolução pode nos ajudar a apreciar ainda mais essa planta notável e suas inúmeras aplicações.

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